Disputa pelo controle da SAF Botafogo: Eagle e John Textor travam batalha societária e judicial no Brasil e no exterior
Por Lucius Magliano— Especial para OBotafoguista.com.br
O embate entre John Textor e a Eagle Football Group pelo controle da SAF Botafogo ganhou novos capítulos nos últimos meses e se tornou um dos casos societários mais complexos do futebol brasileiro recente. A disputa envolve não apenas divergências sobre a gestão esportiva, mas também questões de governança, demandas financeiras bilionárias e intervenções judiciais.
Um clube no centro de um conflito global
Em julho, a 3ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou o arresto das ações da Eagle Football na SAF Botafogo, medida que, na prática, manteve o controle operacional com John Textor enquanto o processo segue em tramitação.
A decisão foi entendida como um freio às tentativas da Eagle de interferir diretamente no dia a dia da gestão do futebol.
A holding, por sua vez, acusa Textor de tentar “confundir e distrair” investidores e vem pressionando para que um diretor independente, o advogado britânico Christopher Mallon, tenha poder de acompanhar e influenciar as decisões estratégicas da SAF.
Dinheiro e poder em jogo
Além da disputa de governança, a Eagle afirma ter um crédito de aproximadamente R$ 305 milhões a receber da SAF Botafogo, valor que já foi apresentado em ações judiciais no Rio de Janeiro. O montante é contestado e pode redefinir as obrigações financeiras da empresa que controla o futebol do clube.
No exterior, a situação também é turbulenta. Em 30 de junho de 2025, a holding OL Groupe/Eagle Football passou por uma reorganização interna, que incluiu a ascensão da empresária Michele Kang a cargos executivos de comando. Essa mudança alterou o equilíbrio político dentro da Eagle e é apontada por especialistas como um dos gatilhos para o aumento da tensão com Textor.
Rumores, redes e especulações
Nas redes sociais e em fóruns de torcedores, surgiram boatos de que John Textor estaria negociando uma recompra de participações ou buscando novos investidores para manter o controle da SAF. Até o momento, não há documentos públicos que comprovem essas negociações, e analistas alertam para a necessidade de cautela diante de informações não verificadas.
Impactos para o Botafogo e seus torcedores
Enquanto o impasse se prolonga, o Botafogo vive um momento esportivo de oscilação e precisa garantir estabilidade administrativa para seguir competitivo. Decisões sobre investimentos em elenco, contratações e infraestrutura podem ser afetadas caso a disputa judicial escale ou novas medidas restritivas sejam impostas.
Além disso, parceiros comerciais e patrocinadores acompanham com atenção o desenrolar do caso, avaliando riscos de governança e impacto na imagem do clube.
O que esperar
Especialistas em direito societário avaliam que o caso deve se arrastar, já que envolve contratos internacionais, cláusulas complexas de acionistas e diferentes jurisdições. O próximo grande marco deve vir de novas decisões no TJ-RJ sobre a validade das reivindicações financeiras da Eagle e a extensão dos poderes do diretor independente.
Para os torcedores, a mensagem é de cautela: embora o clube siga sob o comando prático de Textor, a disputa jurídica ainda pode alterar o equilíbrio de forças e até mesmo as responsabilidades financeiras da SAF no médio prazo.
Resumo:
O Botafogo está no centro de uma disputa que mistura questões legais, poder corporativo e finanças internacionais. John Textor mantém o controle prático após o arresto das ações da Eagle, mas a holding pressiona com ações judiciais e cobranças milionárias. Com mudanças no comando global da Eagle e um cenário ainda indefinido, o futuro societário do clube segue aberto — e cada decisão judicial pode ter impacto direto dentro e fora de campo.